quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A triste realidade da Igreja Católica na França

Entrevista com o Cardeal-Arcebispo de Lyon Dom Philippe Barbarin.

Segundo o cardeal de Paris, André Vingt-Trois, quando Bento XVI foi à França todos viram que a imagem de uma Igreja francesa sem futuro não corresponde à realidade. É um otimismo excessivo?      

PHILIPPE BARBARIN: De fato, creio que nessa ocasião, em setembro do ano passado, vimos algo novo. A beleza da santa missa celebrada na Esplanade des Invalides foi uma beleza reconciliadora. O cardeal Tauran me disse: acredito que depois do Concílio não vi uma missa tão bonita. Silêncio, espírito de adoração, de interioridade. Até os comentaristas da tevê ficaram surpresos com o silêncio. Os próprios tradicionalistas não puderam deixar de admirar uma missa celebrada da forma normal, no rito romano, em latim e em francês, com o Papa, uma centena de bispos, dois mil padres, trezentos mil fiéis, na qual víamos uma imagem da Igreja da França: muitas famílias com seus filhos, pessoas da região de Paris, mas também de mais longe. Pessoas muito jovens, fervorosas, pacíficas, que não tinham vindo para ver o Papa, mas para rezar e participar de uma missa com o Papa. No dia seguinte, em Lourdes, encontramos também um povo cristão.

As coisas de que o senhor falou até agora estão sempre relacionadas com circunstâncias excepcionais. Mas qual é a imagem da Igreja em Lyon na vida cotidiana? 
     
 BARBARIN: Como em muitas outras partes da França, algumas situações nos dão – como eu poderia dizer? – a sensação de um muro que desaba. O carmelo, os jesuítas, várias congregações e comunidades religiosas já não têm vocações. Na própria colina de Fourvière vemos muitas casas religiosas à venda... É uma coisa que causa dor. Ao mesmo tempo, existem coisas novas, novas comunidades. Mas, sobretudo no campo, vemos as igrejas vazias, os jovens e as famílias católicas indo à missa em lugares muito “protegidos”, nas novas comunidades, em que a liturgia é mais fascinante. É uma pena; com isso corremos o risco de criar situações fechadas em si mesmas. 
     
Quer dizer, então, que o senhor não vê uma retomada da vida paroquial ordinária.      

BARBARIN: Muitas de minhas paróquias, em Lyon, são tristes. Mas pelo menos dez delas são muito vivas. Em algumas, há novas comunidades; em muitas outras, há sobretudo um pároco contente, e todos veem isso.

Nas igrejas de Paris se registra uma presença de imigrantes cada vez maior, que vem modificando o rosto das paróquias da cidade. Isso também acontece em Lyon? 
     
 BARBARIN: Em minha diocese, há pelo menos trinta padres africanos. E cinco são párocos. Pode-se ver que eles têm um impulso sincero, que se doam sem descanso; é como se quisessem “acordar” os franceses... Revitalizar situações apagadas e envelhecidas.

Lyon é também a cidade de Santo Irineu, da jovem escrava Santa Blandina e de outros mártires lyonenses. Mas, quando visitamos sua basílica, temos a impressão de que a memória desses santos se perdeu. A igreja vive fechada; para visitá-la, as pessoas precisam pedir que abram as portas.      

BARBARIN: Não é verdade. Blandina e os mártires de Lyon são importantes. Irineu é capital. Quando o metropolita Kirill, que hoje é patriarca de Moscou, veio a Lyon, ele visitou a catedral, e depois a única coisa que pediu que fizéssemos juntos foi uma visita ao túmulo de Santo Irineu. Essa visita, para ele, era a coisa mais importante a fazer em Lyon, mais importante que as conferências e os encontros com os eclesiásticos de hoje. Quando fui a Echmiadzin, em 2004, o catholicos Karekin II me pediu que pronunciasse lá três conferências sobre Santo Irineu. É um doutor ecumênico. É um santo comum a todas as Igrejas cristãs, antes da divisão. Todas têm admiração profunda e conhecem Lyon por esse santo. Nós celebramos as ordenações na Basílica de Santo Irineu, como, em Roma, fazem em São Pedro. Este ano, na reunião com todos os padres, que teremos na Quarta-feira Santa, o tema será São Paulo comentado por Santo Irineu. Nas coisas de nossa Igreja, nós sempre pomos Santo Irineu no meio. É normal. Seus restos mortais estão conservados num ossário, com os dos mártires de todos os séculos; seus ossos foram reunidos ali depois de se dispersarem durante as guerras de religião entre católicos e protestantes. 
     
 Os capuchinhos lefebvrianos de Morgon me disseram que o senhor, que é um bispo aberto e “ecumênico”, os tratou melhor que alguns outros bispos, que gostam de se apresentar como “rigorosos”. 
     
 BARBARIN: Eu os acolhi muitas vezes no arcebispado. Quando estava em Roma, no início de fevereiro, enviei a eles um cartão postal para lhes dizer que tinha ido rezar por eles no túmulo de São Pedro, pela unidade. Mandei o cartão aos capuchinhos de Morgon, em Fellay, e aos irmãos de minha comunidade integrista, em Lyon. “Rezei sobre o túmulo de Pedro, pedindo que vocês correspondam à mão estendida do Papa”, escrevi. Não sei o que está se passando na cabeça e no coração deles. Deve haver lutas entre eles. Conversei por telefone com o superior de minha comunidade integrista em Lyon, que repete meu nome em todas as missas, quando reza pro episcopo nostro Philippo. Ele me disse: “Eminência, estou lendo agora com mais atenção a Gaudium et spes. Espero poder voltar à plena obediência ao Papa”. Isso para dizer que é um momento em que, para muitos deles, vem acontecendo também um trabalho interior, dentro da própria consciência.

Fonte: 30giorni




2 comentários:

  1. PREZADOS SENHORES

    DEUS MANDOU EU CRIAR UMA PAGINA NA INTERNET PRA DIVULGAR O EVANGELHO NO MUNDO INTEIRO

    ACESSAR ; WWW.PANFLETOSMUNDIAL.COM.BR

    OBRIGADO

    ALAOR DE DEUS

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  2. PROUND AND BLESS OF GOD TO BE CATHOLIC!

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