domingo, 9 de janeiro de 2011

Como o Padre Ratzinger imaginava em 1968 a Igreja no ano 2000.

Uma revista chilena acabou de reeditar uma entrevista feita à rádio alemã do Padre Joseph Ratzinger sobre o futuro da Igreja, datada de 1968.

Jaime Antúnez, editor da revista Humanitas, Revista de Antropologia e Cultura, da Pontifícia Universidade Católica do Chile, disse que Bento XVI era então um jovem sacerdote e professor em Tübingen. Sua reflexão se intitulava: "Como se apresentará a Igreja no ano 2000?

Jaime Antúnez explica que é necessário compreender a revolução cultural que estava ocorrendo, tanto no exterior como no interior da igreja no final dos anos sessenta, quando este texto foi composto.

Com profundidade e clareza que lhes são típicas, o atual Papa discute as causas do que vivemos e, em seguida, descreveu, com quarenta anos de antecedência, um futuro que não é diferente daquele que emerge hoje, disse o diretor da Humanitas.  Trata-se, diz ele, de um texto que ajuda a compreender a nossa época atual, os problemas internos que a Igreja deve enfrentar, assim como os ataques de fora.

"Em uma época de convulsões históricas violentas que parece desvanecer no momento mesmo em que acontece, e que se abre como algo completamente novo, o ser humano tem de refletir sobre a história e vê-la em sua justa  medida neste instante em se expande de forma irreal”, aconselhou o então professor Ratzinger.

Ele lembrou, entre outros momentos dramáticos, o episódio do rapto de Pio VI pelas tropas da jovem república francesa, que o deixou morrer prisioneiro em Valência em 1799.

Três anos antes, um dos líderes da república tinha escrito: "Este antigo ídolo será destruídos. É o que querem a liberdade e a filosofia ... Foi necessário esperar que Pio VI vivesse ainda dois anos para dar à filosofia o tempo para concluir seu trabalho e deixar este lama da Europa sem um sucessor." O Professor Ratzinger explicou que muitos temiam que as coisas  acontecessem desta forma.

"Parece claro que a Igreja tem diante de si um momento difícil. Sua verdadeira crise ainda mal começou. Deve-se esperar fortes tremores ", afirmou.

Ele se disse convencido de que se sobreviveria ao final: em qualquer caso, a Igreja de culto político, das grandes palavras daqueles que nos profetizam uma Igreja sem Deus nem fé, realidade completamente supérflua e que por conseqüência desapareceria por si mesma.

“O futuro da Igreja pode vir e virá igualmente agora só com a força daqueles que têm raízes profundas e vivem a plenitude pura de sua fé", afirmou.

"O futuro não virá daqueles que apenas dão receitas. Não virá daqueles que apenas se adaptam ao momento presente. Não virá daqueles que se limitam a criticar os outros e consideram-se como medida infalível. Ele não virá daqueles que escolhem apenas o caminho mais fácil, aqueles que evitam a paixão da fé e apresentam como falsas e ultrapassadas, como tirania e legalismo, tudo aquilo que é exigente para o ser humano, que o faz sofrer e lhe obriga a renunciar a si mesmo. Dizemos de forma positiva: o futuro da Igreja, hoje, como sempre, será novamente marcado pelo selo dos santos. E, portanto, por seres humanos que vão além das frases, estão além do especificamente moderno. Para aqueles que vêem mais longe do que outros, porque suas vidas abarcam espaços mais amplos.“

Em seu discurso durante a apresentação desta edição de Humanitas, da Pontifícia Universidade Católica do Chile, Jaime Antúnez observou que "todas as pessoas atualmente vêem em Bento XVI, assim como em seu venerado predecessor, Papa João Paulo II, uma confirmação providencial daquela visão profética que confirma na fé, reconforta a alma e convida de maneira paternal a ser plenamente fiel à Igreja e ao seu magistério.

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