Desde 7 de julho, o Papa Bento XVI encontra-se na residência pontifícia de verão, Castel Gandolfo, sobre a colina dos Castelli Romani. Já há alguns anos, apesar dos numerosos convites que recebeu, o Pontífice tem preferido não se afastar demais de Roma e do Vaticano, e prefere escapar do calor da capital na extensa vila próxima ao Lago Albano.
O motivo, como explicou recentemente o porta-voz do Vaticano, Padre Federico Lombardi, é simples: “O repouso, que é o que ele necessita e deseja, será mais garantido indo diretamente a Castel Gandolfo do que se transferindo por um breve período a um lugar pouco habitual, no qual é necessário mudar também os costumes do ponto de vista do ambiente e da organização diária… Castel Gandolfo tem a vantagem de ser um lugar conhecido, de ser um lugar já preparado e disposto para a vida normal do Santo Padre”.
O Pontífice, portanto, mantém basicamente inalterados os costumes de sua jornada habitual no Vaticano, com a diferença — naturalmente — de que em sua residência sobre as montanhas, sobretudo nos meses de julho e agosto, não ocorre a maior parte das audiências e dos compromissos públicos que normalmente ocupam a segunda metade de suas manhãs.
O despertador, que toca habitualmente às seis, é atrasado mais ou menos em meia hora, assim como a missa, que ocorre uma hora mais tarde. Em sua casa de férias, o Pontífice ocupa o tempo com, além das orações, seu trabalho intelectual e cultural que, com algum pesar, descuida durante o resto do ano para se dedicar às obrigações relacionadas a seu cargo.
Em Castel Gandolfo, então, o Papa-mestre retoma sua primeira paixão, a leitura e a escrita: neste ano, além dos últimos retoques nos discursos que pronunciará durante sua viagem a Madri, no fim de agosto, para a Jornada Mundial da Juventude, sobre a escrivaninha do Papa Ratzinger estão também a viagem no fim de setembro a sua pátria, Alemanha, uma terceira e menor parte de seu livro sobre Jesus, dedicada aos “evangelhos da infância” e, provavelmente, quem sabe, uma nova encíclica dedicada à virtude teologal da fé, depois das encíclicas dedicadas à esperança (“Spe Salvi”) e à caridade (“Caritas in veritate”).
Por outro lado, como contou seu secretário pessoal, Georg Gänswein, “para o Papa, a melhor maneira de descansar é estudar e escrever sobre teologia, sobre as Sagradas Escrituras, porque são os argumentos que o fascinam”.
Em Castel Gandolfo, o Papa se sente em casa, até mesmo do ponto de vista da logística e dos costumes e seus ritmos, sobretudo, em setembro, quando os compromissos e a quantidade de trabalho são praticamente “normais”, quase os mesmos. Não por acaso o Secretário de Estado Vaticano se muda também para as Colinas, na próxima Villa Barberini, assim como todo o serviço papal, que acompanha o Pontífice.
Pela tarde, às vezes, depois do jantar, antes de deitar-se, o Pontífice passeia pelo amplo jardim da vila, construída sobre o antigo palácio do imperador Domiciano.
O ritmo mais tranqüilo do verão permite também que o Papa receba alguns convidados em um ambiente mais calmo, longe da formalidade das audiências oficiais, como aconteceu no ano passado com o jornalista alemão, Peter Seewald, para a entrevista que deu origem ao livro-entrevista “Luz do mundo”.
Provavelmente, acontecerá o mesmo neste ano. Certamente, até agora, o único compromisso oficial confirmado no verão é a audiência de 18 de julho com o primeiro ministro malásio Mali Najib Razak, por conta do estabelecimento de relações diplomáticas com a Santa Sé.
No fim do mês, então, como ocorre todo ano, ele se reunirá em Castel Gandolfo com o grupo de seus ex-alunos para o encontro anual dos “Ratzinger Schülerkreis”.
O retorno a Roma está previsto para o fim de setembro.
Fonte: Fratres in Unum
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