quinta-feira, 24 de março de 2011

Esteve o teólogo Joseph Ratzinger a favor do celibato voluntário?

Nestes últimos dias, o Cardeal-Arcebispo de Viena, Christoph Schönborn, declarou mais uma vez ser a favor do celibato voluntário causando certo rebuliço e escândalo. Sabemos que o cardeal Schönborn é um dos cardeais mais progressistas do atual colégio cardinalício, porém nem todos sabem que ele foi aluno do então professor Joseph Ratzinger.
Naqueles anos da década de 60 e 70, pouquíssimos teólogos se mantiveram completamente ortodoxos em relação a doutrina. A Alemanha, terra de Joseph Ratzinger, certamente foi um dos epicentros do modernismo (foram os bispos alemães um dos grupos mais responsáveis pelas reformas do Concílio Vaticano II). Certamente o jovem teólogo Ratzinger foi contaminado de certa forma por essa pseudo-teologia herética que devastou a Igreja alemã. Todavia  mesmo dentro desta "bagunça teológica", que visava acabar com tudo de sagrado que Nosso Senhor deixou à Igreja, Ratzinger permaneceu o "mais tradicional" entre os teólogos daquele tempo.
Publicamos abaixo um texto muito interessante retirado a agência de notícias ACIDigital. Nele mostra como Ratzinger defendeu o celibato sacerdotal diante dos modernistas alemães que queria de qualquer forma relaxar ainda mais a disciplina eclesiástica.

O jornal vaticano L'Osservatore Romano (LOR) explicou o que realmente aconteceu com um memorando de 1970 no qual alguns teólogos alemães consideravam avaliar o celibato voluntário, e precisou que o então professor Joseph Ratzinger e agora Papa Bento XVI não se uniu a esta corrente, diante das versões jornalísticas que 40 anos depois o vinculam a esta postura.

O artigo -publicado na edição de 19 de março do LOR- explica que o memorando de 9 de fevereiro de 1970 foi escrito pelo jesuíta Karl Rahner e logo foi enviado a todos os bispos da Alemanha.

Nesse texto estava escrito à mão os nomes de nove dos onze teólogos membros da Comissão Doutrinal da Conferência Episcopal Alemã, entre eles "Joseph Ratzinger, Regensburg".

O memorando, explica o LOR, "queria suscitar entre os participantes na (assembléia) plenária da Conferência Episcopal Alemã, que se reuniria em Essen entre o 16 e 19 de fevereiro desse ano, uma nova discussão sobre o celibato, em reação à difusão, em janeiro de 1970, de uma carta dos bispos de língua alemã sobre o ministério sacerdotal. Uma diretiva bíblico-dogmática na qual o tema do celibato tinha apenas um papel secundário".

Na sessão da Comissão Doutrinal de 30-31 de janeiro de 1970 discutiram as primeiras reações a esta carta dos bispos. Os professores Karl Rahner e Joseph Ratzinger, entre outros, desculparam-se por não participar de tal reunião.

Uma semana e meia mais tarde, o memorando promovido por Rahner, foi enviado aos bispos para persuadi-los sobre a "necessidade de uma profunda revisão e um exame mais detalhado da norma do celibato na Igreja latina na Alemanha e em todo o mundo".

Em um primeiro momento, prossegue o LOR, não se fez público o memorando. Mas como não obteve a reação que esperava dos bispos, Rahner decidiu difundi-lo e assim apareceu no fascículo de março de 1970 da revista Orientierung dos jesuítas suíços.

O dado chave desta publicação é que no texto do memorando só se mencionava o nome de três teólogos, entre os quais não se encontrava o de Joseph Ratzinger.

Além desta explicação que esclarece a postura do professor Ratzinger, o LOR reproduziu um extenso artigo de sua autoria publicado originalmente no dia 28 de maio de 1970, poucos meses depois do episódio do memorando, no qual o então teólogo de 42 anos de idade aprofundava sobre o ministério sacerdotal.

Uma das principais ideias desenvolvidas no texto é que o fundamento sacerdotal está no sacrifício da Cruz de Cristo, que morreu crucificado tendo vivido o celibato toda sua vida, obediente e fazendo a vontade de Deus.

O então sacerdote, professor de teologia dogmática de Ratisbona (Alemanha) e membro da Comissão Teológica Internacional explicava que embora em alguns momentos da história alguns questionaram e questionam alguns dos acentos sacerdotais, "isso não põe em dúvida o sacerdócio como tal, menos para nós a quem foi irradiado como tarefa".
"A Cruz é e segue sendo o fundamento e o contínuo centro do sacerdócio cristão que só pode encontrar seu cumprimento na disponibilidade do próprio eu pelo Senhor e pelos homens. Nisso está o peso da ordem deixada por Cristo a sua Igreja".
"A medida é Ele, o Senhor mesmo", prossegue.

"Disto é também testemunha São Paulo (o Apóstolo das gentes que foi martirizado e viveu celibatário), primeiro perseguidor de Cristo que pôs à disposição da força de Deus a própria debilidade e por isso se converteu no testemunho mais forte daquela graça cujo anúncio e cuja representação é e seguirá sendo a tarefa mais alta do ofício sacerdotal de todos os tempos".

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