quinta-feira, 17 de março de 2011

Dança liturgica? - Uma interessante resposta do Cardeal Arinze

Em uma entrevista, foi perguntado ao Cardeal Francis Arinze a respeito de danças feitas durante a Santa Missa (uma prática muito comum em nossas paróquias, principalmente entre os "RCCistas"). Eis a interessante resposta dada pelo antigo prefeito da Sagrada Congregação para o Culto divino e disciplina dos sacramentos:

"Nunca houve documento da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos dizendo que a dança é permitida na Missa.
O assunto da dança é difícil e delicado. De qualquer modo, é bom saber que a tradição da Igreja latina não conhece a dança. É algo que as pessoas introduziram nos últimos 10 ou 20 anos. Nem sempre foi assim. E agora isso está se espalhando como fogo em todos os continentes – uns mais, outros menos. No meu continente, a África, está se espalhando, bem como na Ásia.
Agora, alguns padres e leigos acham que a Missa fica incompleta sem dança. O problema é: nós vamos à Missa, em primeiro lugar, para adorar a Deus – é o que chamamos dimensão vertical. Não vamos à Missa para entreter uns aos outros. Não é o objetivo da Missa. Pra isso existe o salão paroquial.
Então, para os que querem nos entreter – depois da Missa, vamos ao salão paroquial e vocês podem dançar. E nós vamos aplaudir. Mas quando vamos à Missa não vamos para aplaudir. Não vamos para observar ou admirar as pessoas. Queremos adorar a Deus, agradecer a Ele, pedir perdão pelos nossos pecados e pedir as coisas de que precisamos.
Não me interpretem mal, mas é que quando eu disse isso em outro lugar retrucaram “você é um bispo africano. Vocês, africanos, estão sempre dançando. Como é que você nos diz para não dançar?”
Um momento – nós, africanos, não ficamos dançando o tempo todo!
Além disso, existe uma diferença em relação aos que participam da procissão do ofertório. Eles trazem os dons, com alegria. Há um movimento do corpo para os lados. Eles trazem os dons para Deus. Isso é bom, de verdade. E o coro canta. Eles se movimentam um pouco, ninguém vai condenar isso. E quando você sai, se movimenta mais um pouco, e está tudo bem.
Mas quando você coloca, digamos, uma dançarina, eu preciso perguntar o que isso tem a ver. O que exatamente você pretende? E quando as pessoas acabam de dançar, na Missa, o resto aplaude – o que isso significa? Que nós gostamos. Que viemos pelo entretenimento. Façam de novo que gostamos. Mas então tem algo errado. Quando as pessoas aplaudem, tem algo errado – imediatamente. Uma dança terminou e eles aplaudem.
É possível que haja uma dança tão interessante que eleve as mentes para Deus, e assim eles estão rezando e adorando a Deus. Quando a dança termina, as pessoas ainda estão envolvidas na oração. Mas é esse o tipo de dança que temos visto? Perceba que não é fácil.
A maioria das danças feitas durante a Missa deviam ser feitas no salão paroquial – e algumas delas, nem mesmo no salão paroquial!
Em um lugar, não vou dizer qual, eu vi uma dança durante a Missa que era ofensiva, quebrava as regras da teologia moral e da modéstia. Quem quer que tenha montado isso devia ter a cabeça lavada com um balde de água benta.
Por que fazer o povo de Deus sofrer tanto? Nós já não temos problemas suficientes? Só aos domingos, por uma hora, as pessoas vêm adorar a Deus. E vocês me vêm com uma dança! Vocês são tão pobres que não tenham nada mais para trazer? Que vergonha! É como eu penso.
Alguém pode dizer “ah, mas o Papa foi ao país tal e teve dança”.
Espera um pouco: foi o Papa que planejou isso? Pobre Papa: ele vem, os outros planejam. E ele não sabe o que planejaram. Se alguém faz algo engraçado – o Papa é responsável por isso? Isso significa que a partir de agora está valendo? Eles mostraram isso pra nós na Congregação? Teríamos rejeitado! Se as pessoas querem dançar, elas sabem aonde ir."


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