quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Beato Estevão Bellesini

Corpo incorrupto do beato Estevao Bellessini

Beatificado por São Pio X oito dias antes do Santo Cura d’Ars, foi o primeiro pároco na História da Igreja a ser elevado à honra dos altares.
Filho de José Bellesini, notário em Trento descendente de antiga família espanhola, e de Maria Orsola Meichlpeck, de ilustre casa belga, esse bem-aventurado nasceu na cidade de Trento, ao norte da Itália (então território austríaco), no dia 25 de novembro de 1774. Recebeu no batismo o nome de Luís.
Alegre, saudável, aplicado, piedoso, Luís passou a infância e parte da adolescência junto aos pais, estudando em escolas locais.
Dele só temos notícia quando, aos 17 anos, conseguiu convencer o pai a deixá-lo entrar no noviciado agostiniano do convento de São Marcos, no qual seu tio materno era superior. Mudou então seu nome para Estevão. De Trento foi para o noviciado em Bolonha. Um ano depois fez sua profissão solene.

Catequese e pregação em Trento

Beato Estevao Bellesini segurando um quadro de Nossa Senhora do 
Bom Conselho de Genazzano
Depois de breve estada em Roma, Estevão retornou a Bolonha, onde estudou filosofia e teologia. Ali recebeu o subdiaconato.
Porém, a tormenta revolucionária que sacudia a França penetrou nos Estados Pontifícios com as tropas de Napoleão. No final de 1796 foi proclamada a república em Bolonha. Os frades foram expulsos, e seus bens confiscados. Estevão Bellesini voltou para seu convento em Trento, onde ainda reinava a tranqüilidade.
Foi encarregado então da sacristia e da pregação, o que fazia com unção e zelo, sendo seus sermões muito apreciados e concorridos.
Grave enfermidade o pregou ao leito na época de sua ordenação; e como ele desejava ardentemente recebê-la, estando ainda muito débil, na data marcada fez-se levar em maca até a igreja para a cerimônia, que teve lugar no dia 5 de novembro de 1797.
Como sacerdote, continuou suas pregações ainda com mais fruto, confluindo público de toda a redondeza para acompanhar seu catecismo e seus sermões.
A Revolução, entretanto, chegou a Trento com a vitória das armas de Napoleão, e os conventos foram ali fechados. Para poder prosseguir sua pregação, o Padre Estevão precisaria prestar um juramento ímpio, semelhante ao da Constituição Civil do Clero, na França.
Obviamente, recusou-se de modo peremptório a fazer tal juramento.

Zelo para salvar a juventude da corrupção

detalhe do corpo incorrupto do beato Stefano Bellessini
Não podendo mais dedicar-se à pregação, voltou-se então para a juventude. Obrigado a retornar à casa paterna, que era muito espaçosa, pensou logo em transformá-la em escola gratuita para jovens que tinham ficado à margem dos estudos, de todas as classes sociais, principalmente as mais pobres.
Declara seu irmão Ângelo, no processo de beatificação: “Tendo o servo de Deus, nesses tempos calamitosos, observado que os políticos tinham-se dedicado a corromper e subverter a juventude, e que para isso tinham introduzido nas escolas públicas professores e mestres suspeitos de pertencer à seita maçônica, os quais insinuavam aos escolares suas máximas contra a Religião, ele, para impedir do melhor modo que podia esta destruição, empregou toda a sua atividade, indústria e caridade, recolhendo quantas crianças pôde, de ambos os sexos, especialmente da classe pobre”.
Inicia assim sua Scola per gente (Escola para as gentes, como a passaram a chamar os meninos), onde os alunos pobres recebiam tudo, desde livros até o pão. As classes eram separadas para meninos e meninas.
O fim que o Beato se havia proposto, ao abrir tal escola, era o de educar cristãmente e no santo temor de Deus a juventude. Por isso, além de aprender a ler e a escrever, os alunos recebiam também aulas de catecismo.
Em pouco tempo, passaram a freqüentar sua escola quatrocentas a quinhentas crianças.
Estevão Bellesini não era um santo triste. Seus contemporâneos o descrevem como “jovial e alegre”, “risonho e aprazível”, “sempre longe das duas extremidades – severidade e condescendência”. Ele não tinha em vista senão a maior glória de Deus e o bem material e espiritual das crianças.
Num tempo de convulsão, com a casa sempre cheia também de soldados a quem devia alimentar, o Beato tinha que desdobrar-se e sobretudo confiar muito na Providência Divina, a fim de conseguir os meios necessários para manter sua casa.

Após a perseguição, reconhecimento de suas virtudes

Igreja de Nossa Senhora de Genazzano aonde o beato Estevao 
Bellessini foi pároco
As escolas dos concorrentes andavam vazias. O que fez com que se iniciasse uma campanha de difamação contra o Padre Estevão.
Caluniavam-no, injuriavam-no quando passava pelas ruas, chegando a atirar-lhe pedras. Denunciaram-no por fim ao governo, mas este, que conhecia bem o Pe. Bellesini, aprovou e louvou seu trabalho. Aos poucos as outras escolas tiveram que fechar, permanecendo como única escola comunal em Trento a do Beato.
Em 1812 o governo nomeou-o diretor geral de todas as Escolas do Trentino, compreendendo inclusive as Escolas Normais.
O Pe. Estevão estabeleceu que em cada classe de sua escola houvesse dois livros: um Livro de Ouro e outro Livro Negro.
No primeiro, deveriam ser inscritos os nomes dos alunos mais capazes e mais hábeis, mas – detalhe singular – também o daqueles que, apesar de fracos no estudo, “pela sua diligência e fadiga, fizeram tudo o que podiam”, pois tanto uns quanto outros demonstraram exemplaridade de conduta. E por isso mereciam ser honrados.
No Livro Negro, deveriam ser registrados os que tivessem má conduta, sobretudo os que proferissem palavras indecentes ou que roubassem algo do vizinho. Estes, se reincidissem na falta, seriam expulsos.

Apelo da vocação de religioso e exímia aceitação


altar da Mae do Bom Conselho de Genazzano
Quase tudo corria a contento para o Beato Bellesini. Mas nem tudo. Entrara ele para a Ordem dos agostinianos visando, sobretudo, tornar-se um religioso. E isso não era possível em Trento, onde o convento de São Marcos permanecia fechado. Soube ele, entretanto, que Pio VII voltara a Roma, e que a maioria dos religiosos também haviam retornado a seus conventos na Cidade Eterna.
Ele decidiu dirigir-se para lá, a fim de viver sua vocação de filho de Santo Agostinho. Para evitar que o retivessem, fez tudo em segredo. Quando chegaram as férias de 1817, ele partiu sem dizer a ninguém para onde viajaria.
Ao tomar conhecimento da “fuga” do Beato, o governo austríaco, para tê-lo de volta, fez-lhe várias promessas de cargos honoríficos e altos salários. Mas o coração de Estevão já estava noutro lugar.
Em Roma, no convento Santo Agostinho — o principal da Ordem — foi ele designado Mestre de Noviços, cargo que exerceu depois também em Città della Pieve, na Umbria e mais tarde em Genazzano.
Um de seus noviços declarou: “Era amável com todos; a sua mansidão, sua afabilidade e jovialidade, unida à graça no dizer, o tornavam caro e querido de quantos dele se aproximavam”.
E assim o descrevem na época: “É de alta estatura, grave no comportamento, olhos negros, bela face, simpático de fisionomia, com uma palidez que deixava conhecer quão débil era o invólucro corpóreo no qual, no entanto, habitava tão grande espírito”.

Junto à Mãe do Bom Conselho de Genazzano

imagem miraculosa de Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano
Finalmente, tendo sido restabelecida a vida comum no convento de Genazzano, Estevão Bellesini nele foi admitido, sendo designado Mestre de Noviços. Acumulou ao mesmo tempo, por gosto, a função de sacristão. Demonstrou aí um empenho amoroso pela beleza e decoro do santuário e do culto.
Em 1831, tendo 57 anos de idade, foi designado pároco. Como tal, “prega, ensina o catecismo, assiste os doentes, visita as famílias, pede ajuda aos amigos de Roma e de Trento para a população pobre, faminta, sobrecarregada pelas taxas e tributos”. Tornou-se o sustentáculo da vida comum, o pai dos pobres, o consolador dos aflitos.
Era cena muito comum na cidade de Genazzano ver-se o Beato com um feixe de lenha às costas, dirigindo-se a algum tugúrio. Chegava a dar a própria vestimenta aos destituídos da fortuna, quando não tinha outra coisa à mão.
Bellesini tinha feito um compêndio do catecismo, fácil de ser memorizado, com todos os artigos da fé. Junto à ajuda material, dava assim também aos necessitados a espiritual.
Devotíssimo do Santíssimo Sacramento, era diante do tabernáculo que hauria a força necessária para seu apostolado. Sua outra terna devoção era para com a Mãe do Bom Conselho, a Quem ele recomendava todos seus paroquianos.

Desenlace do servo fiel à Santíssima Virgem

O Beato Bellesini foi vítima de sua caridade para com os empestados. Depois de uma visita a um deles, sentiu-se depauperado e febril. Mas continuou suas funções até uma semana antes de entregar a Deus seu espírito.
Quando, na tarde do dia 2 de fevereiro, sentiu chegar o último momento, pediu a vela benta e quis pôr-se de joelhos, para recitar as últimas orações: o terço, a coroinha da Madonna della Cintura e a Novena da Purificação.
A alguém que lhe disse ser melhor não se fatigar, respondeu: “Como?! Hoje devo apresentar-me para beijar os pés de Maria Santíssima sem ter rezado o terço, a coroinha, e feito a meditação apropriada?”
Ao canto do Magnificat, entrou em agonia, e pouco depois comparecia para oscular os pés de sua Augusta Senhora. Foi beatificado pelo grande Papa São Pio X, em 27 de dezembro de 1904.
A sua festa celebra-se no dia 3 de fevereiro.

Fonte: ocatolicismo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.