Frei Antônio de Sant'Anna Galvão, filho de
pais piedosos e
cuja família era reconhecida por sua grande caridade para com os
pobres, nasceu em 1739 em Guaratinguetá, Estado de São Paulo,
cidade
situada bem próxima ao Santuário Nacional de Nossa Senhora
Aparecida,
tendo sido batizado com o nome de Antônio Galvão de França.
Viveu sua infância em meio à riqueza, já que seu pai Antônio
Galvão de França, como imigrante português, era o capitão-mor
da cidade, gozando de plenas regalias políticas e de situação
econômica privilegiada. A mãe, por sua vez, era
descendente de Fernão Dias Pais Leme, de linhagem nobre e
famoso
desbravador dos sertões do Brasil por ocasião das expedições dos
bandeirantes.
Os pais, preocupados em zelar pela esmerada educação dos filhos,
matricularam Frei Galvão no Colégio de Belém, que era
administrado pelos padres da companhia de Jesus, onde já
encontrava-se
um de seus irmãos, de nome José. Era o ano de 1752 e Antônio
Galvão
tinha treze anos de idade quando ingressou no Colégio. Lá
permaneceu por quatro anos, onde aprendeu ciências humanas ao
mesmo tempo
que aprofundou-se nas verdades divinas. Ao final desse período,
manifestou ao pai o desejo de abraçar a vida religiosa. O
próprio pai
aconselhou-o a ingressar no convento dos franciscanos, já
que havia um convento em Taubaté, não muito distante da sua
terra,
Guaratinguetá. E foi assim que Frei Galvão iniciou sua jornada,
renunciando a todo o conforto das riquezas e influência social,
para
dedicar-se exclusivamente ao serviço de Deus.
Aos 21 anos de idade, fez o noviciado na Vila de Macacu, Rio
de Janeiro, onde os confrades já percebiam o desabrochar da
piedade e conduta exemplar que carregava consigo desde o tempo
da infância. Em 1761
professou os votos solenes e somente um ano depois, por
reconhecida sabedoria e já proclamadas virtudes, recebeu o
sacramento da Ordem. Mesmo ordenado sacerdote, optou por dar
continuidade aos
seus estudos de filosofia e teologia no Convento de São
Francisco, em
São Paulo. Após formar-se assumiu, respectivamente, os cargos de
pregador, confessor dos leigos e também porteiro do
convento.
Distinguiu-se pela dedicação incansável ao sacramento da
Penitência. Fazia parte da sua rotina não só atender às
pessoas que lhe procuravam no convento para confessar-se, mas
percorria caminhos extremamente longos a pé, para atender
confissão
dos fiéis nos mais longínquos rincões da cidade. Tal
dedicação fez com que seus superiores o nomeassem confessor de
um
recolhimento de piedosas mulheres, em São Paulo. Foi lá
que encontrou-se com a Irmã Helena Maria do Espírito Santo,
religiosa de profunda oração e que lhe confidenciara que o
próprio
Jesus lhe revelara o pedido de fundar oficialmente um novo
Recolhimento. Após analisar, ouvir o parecer de pessoas sábias e
esclarecidas no clero, Frei Galvão considerou válidas as visões
de Irmã Helena. Assim, em 1774 fundou oficialmente o
Recolhimento
das "Recolhidas de Santa Teresa".
Um ano depois, Madre Helena teve morte repentina e Frei Galvão
tornou-se a única referência espiritual das Recolhidas, trabalho que
exerceu com grande zelo e humildade. Como crescesse
vertiginosamente o número de vocacionadas, Frei Galvão
dedicou-se por quatorze anos não só cuidando da ampliação do
Recolhimento, mas também na construção da Igreja, inaugurada em
15 de agosto de 1802. Foi o próprio frade quem
arquitetou e empreendeu a edificação, trabalhando como mestre
de
obras e como pedreiro.
Só em 1929, porém, que este Recolhimento viria a
transformar-se no
Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição, que deu origem a
outros nove mosteiros, os quais tem Frei Galvão como fundador e
guia. Daí o nome "Mosteiro das Concepcionistas", ou
mais conhecido popularmente como "Mosteiro da Luz", sendo este
o mesmo prédio projetado e construído pelo fundador.
Foi filho fiel, consagrado e devotíssimo à Santíssima Virgem
Maria, entregando-se a uma vida austera, de freqüentes orações e
duras penitências, ornadas com diligente caridade ao próximo.
Como orientador espiritual das Recolhidas, prescreveu-lhes
estatutos próprios, dando às mulheres diretrizes evangélicas
marcadas pela caridade, oração, pobreza total, intensa
penitência e
amor fidelíssimo a Nossa Senhora. Constam, nesses
inscritos de Frei Galvão:
"A padroeira é Maria
Santíssima Senhora Nossa"
"As casas religiosas
são casas de abundantes
penalidades onde se alcança a coroa de um prolongado
martírio".
"Cédula irrevogável de
filial entrega a Maria
Santíssima, minha Senhora".
Era um franciscano simples que, normalmente no silêncio noturno,
costumava aliviar os pobres em suas necessidades materiais e
espirituais. Os doentes lhe procuravam
freqüentemente, pois a ocasião não era propícia para
tratamentos médicos adequados, tanto pela falta de recursos
financeiros
como pela limitação científica da época.
Numa
dessas ocasiões, um jovem que padecia de dores renais
violentíssimas lhe procurou, pois, diante da grave enfermidade
já
vislumbrava a face da morte aproximando-se em passo
acelerado. Foi quando o santo frade, tomando às mãos pena
e papel, escreveu uma frase em latim do Ofício de Nossa
Senhora.
Enrolou-o em forma de pílula e pediu ao jovem enfermo que a
tomasse.
Tão logo ingeriu a pílula, as dores cessaram e segundos
depois, expeliu um grande cálculo. Ainda em meio a
esse milagre, um senhor chegou ao local suplicando
orações e que lhe desse qualquer remédio para a mulher que,
naquele momento, sofria de sérias complicações de
parto. Frei Galvão fez outra pilulazinha semelhante à primeira
pediu que a levasse à esposa. Logo que a tomou, a criança
nasceu, sem qualquer tipo de complicação para a mãe e para o
filho.
A partir disso o poder milagroso das pílulas de Frei Galvão espalhou-se pela região e tantas pessoas dirigiam-se ao local que teve que ensinar as Irmãs do Recolhimento a confeccioná-las e dar às pessoas necessitadas, o que elas fazem até hoje. Curiosamente, na imensa relação de graças alcançadas por intercessão de Frei Galvão junto ao Mosteiro da Luz, embora 60 a 70% das curas estejam relacionadas a cura do câncer, grande parte refere-se a curas de cálculos renais, gravidez, parto e também de casais que, não conseguindo ter filhos, foram atendidos.
A partir disso o poder milagroso das pílulas de Frei Galvão espalhou-se pela região e tantas pessoas dirigiam-se ao local que teve que ensinar as Irmãs do Recolhimento a confeccioná-las e dar às pessoas necessitadas, o que elas fazem até hoje. Curiosamente, na imensa relação de graças alcançadas por intercessão de Frei Galvão junto ao Mosteiro da Luz, embora 60 a 70% das curas estejam relacionadas a cura do câncer, grande parte refere-se a curas de cálculos renais, gravidez, parto e também de casais que, não conseguindo ter filhos, foram atendidos.
Frei
Galvão foi beatificado pelo Papa João Paulo II em 25 de outubro de
1998. Na manhã de 23 de fevereiro de 2007, na Sala do
Consistório do
Palácio Apostólico, o Papa Bento XVI anunciou a canonização de
cinco
beatos, dentre eles, Frei Galvão, nascido em Guaratinguetá/SP. A
cerimônia foi realizada no dia 11 de maio de 2007 no Campo de
Marte e presidida pelo Santo Padre em visita ao Brasil por ocasião da V
Conferência Geral do Conselho Episcopal Latino Americano e do
Caribe,
esta no Santuário Nacional de Aparecida. Com essa canonização,
Frei Galvão é o primeiro brasileiro nato a receber a honra
dos altares. Faleceu em 23 de dezembro de 1822. Seu corpo
repousa
na igreja do Recolhimento da Luz, que ele mesmo construiu e é
local de contínuas e fervorosas peregrinações. Lá também
encontra-se sepultado o corpo da co-fundadora Irmã Helena Maria
do
Espírito Santo.
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