segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Santo Padre canoniza São Luigi Guanella e mais dois santos

Ontem, Sua Santidade o Papa Bento XVI, canonizou Dom Luigi Guanella a quem sou grande devoto desde os 12 anos. Juntamente com São Luigi Guanella foram canonizados São Guido Maria Conforte e Santa Bonifácia Rodriguez de Castro.

Segue fotos da bela celebração:









Sobre São Luigi Guanella

Nascido em 19 de dezembro de 1842, na aldeia alpina de Fraciscio di Campodolcino, Luís foi o nono dos treze filhos de uma família montanhesa dotada de sólidos princípios cristãos.
O pai, Lorenzo di Tomaso Guanella, corpulento, robusto e de rija personalidade, inspirava confiança pela sua simples presença. Assim o descreverá o filho, em sua Autobiografia: "Esbanjava saúde e seu caráter era firme e decidido, à semelhança do monte Calcagnolo, logo acima de Fraciscio".
A mãe, Maria Antonieta Bianchi, piedosa e dedicada ao trabalho, como o marido, contrastava com este por sua notável doçura de trato. A seu respeito escreveu o padre Luís Guanella: "O peso da autoridade paterna, no tocante aos filhos, era contrabalançado, providencialmente, pela mãe [...] uma mulher criativa e muito amorosa; um tesouro da Providência!".
Entre os irmãos, todos se relacionavam bem. Mas Catarina, apenas um ano mais velha, foi sua predileta. Ainda crianças, conversavam sobre as peripécias dos santos e aprenderam a ver nos pobres a figura de Jesus. Perto de sua casa, havia uma rocha com cavidades que pareciam panelas. Ali, as inocentes crianças misturavam água e terra, e mexiam aquela mescla dizendo: "Quando formos adultos, faremos assim a sopa dos pobres".
Sinais precoces da vocação
Desde muito cedo, numerosos indícios, premonições e acontecimentos extraordinários iam indicando ao pequeno Luís as vias traçadas para ele pela Providência Divina.
O primeiro desses fatos ocorreu tendo ele apenas seis anos de idade, na festa de São João Batista. Encontrava-se na Praça da Matriz de Campodolcino, junto com o tio e o cunhado, quando este último deu- -lhe de presente um saquinho de diavoletti, deliciosas balas de menta, justamente na hora de soar o sino para a Missa.
Não querendo entrar na igreja com os doces na mão, foi escondê-los num monte de lenha, onde estariam a salvo da cobiça de outra criança. Nesse momento, ouviu palmas e viu junto à porta da Prefeitura um velhinho que o fitava. O santo o descreve na mesma Autobiografia: "Era franzino, de cabelos brancos, rosto moreno; trajava calças curtas, as meias eram de lã não tingida, seu rosto amável como que implorava aqueles doces". Com medo, escondeu as balas e, quando se voltou para olhar, o homem havia desaparecido...
Aquela imagem nunca mais se apagou de sua mente. Ela sempre vai retornar "quando do encontro com outros velhinhos, suplicando por um pouco de bem e de doçura ao término da vida".
Outro fato marcante aconteceu no dia de sua Primeira Comunhão, aos nove anos. Por ser Quinta-Feira Santa, não houve festa e, regressando a casa, mandaram-no cuidar das ovelhas, como em qualquer dia comum. Ainda tocado pela graça, sentou-se em um dos gramados da colina Motto, parecido a um sofá, onde costumava descansar enquanto pastava o rebanho, e pôs-se a rezar a Nossa Senhora, agradecendo-Lhe a ventura de haver recebido Jesus em seu coração.
Sentia-se tomado por uma suave doçura que o impelia a fazer generosos bons propósitos. Contudo, a certa altura caiu no sono com seu livrinho de orações nas mãos e foi acordado por uma voz feminina que o chamava pelo nome. Não vendo ninguém ao redor, julgou tratar- -se de um sonho. Retomou a leitura e adormeceu novamente.
Mais uma vez, o fato se repetiu. E, como aconteceu com Samuel (cf. II Sm 3, 8), ainda houve uma terceira vez, na qual a voz se fez ouvir mais forte e nítida: "Luís, Luís". Nesse momento, narra o santo, "eis que vejo uma Senhora estendendo seu braço direito como a indicar alguma coisa. Ela me disse: ‘Quando você for adulto, fará tudo isso em prol dos pobres'. E como num telão, vi tudo o que deveria fazer".
Forjando o temperamento
Aos doze anos Luís recebeu uma bolsa de estudos e matriculou-se no Colégio Gálio, em Como. Para esse pastorzinho acostumado às liberdades do campo e aos grandiosos panoramas alpinos, não faltaram sofrimentos na adaptação à rígida disciplina escolar. O colégio lhe parecia uma prisão. Não obstante, isso o ajudou a dominar seu caráter enérgico, por vezes impulsivo e irascível, e a manifestar os aspectos amáveis, expansivos e afetuosos do seu temperamento, herdados da mãe.
Fortalecido pela frequência aos Sacramentos e sua ardorosa devoção a Maria, ali cultivou os germens da vocação, manteve-se firme em seus princípios e inabalável no grande apreço às virtudes da castidade e da modéstia, apesar dos ventos revolucionários e liberais que sopravam na Itália e no mundo.
Após seis anos de colégio, ingressou no seminário diocesano Santo Abôndio, onde ficou ainda mais vincada a vocação específica que a Providência lhe dera desde a infância. Ao retornar, durante as férias, à sua aldeia natal, empenhava-se em ajudar os pobres e enfermos da região, sobretudo os mais desamparados.
"Uma espada de fogo no ministério santo"
Em um ambiente de ressentimento e raiva, marcado pelas profanações de igrejas realizadas em Como pelos seguidores de Garibaldi, Luís foi ordenado presbítero, em 26 de maio de 1866, por Dom Bernardino Frascolla, Bispo de Foggia.
Naquele dia, com a alma transbordante de júbilo, o novo sacerdote fez uma promessa a Deus e a seus irmãos: "Quero ser uma espada de fogo no ministério santo!". Com semelhante propósito, explica um dos seus biógrafos, "o jovem demonstrara capacidade de sonhar e de ‘almejar coisas grandiosas'; desposar a causa dos mais pobres, priorizando o amor a Deus e aos irmãos".
Celebrou sua primeira Missa em Prosto, onde havia servido como diácono, na solenidade de Corpus Christi, e ali permaneceu cerca de um ano como vigário.
Nomeado pároco de Savogno, valeu-se de seu diploma de mestre para ali abrir uma escola, que logo se encheu de alunos. Dedicou-se, então, com grande entusiasmo ao apostolado com os mais pobres durante oito anos. Dava formação religiosa a pessoas de todas as idades, convidando-as a se unirem ao Santo Padre e alertando-as a respeito das novas doutrinas da época, hostis à Igreja. Por isso e, sobretudo, pela publicação de um livreto intitulado Saggio di ammonimenti, contendo tais ensinamentos, acabou sendo fichado pela autoridade civil como "elemento perigoso". Sua escola foi fechada e ele viu-se forçado a sair da diocese.
Três anos de "aprendizagem" com Dom Bosco
Atraído pela pessoa de São João Bosco, optou por se dirigir a Turim. Ali passou três anos (1875-1878) em "aprendizagem", como diria depois, seguindo os passos do fundador dos salesianos no caminho da santidade e colaborando com sua obra pedagógica em favor da juventude. Nesta mesma ocasião, conheceu a obra caritativa de São José de Cottolengo, a qual também deixou profundas impressões em sua alma.
Contudo, tinha muitas dúvidas e inquietações. Estaria seguindo o caminho para o qual se sentia chamado? Onde ficava a realização de tudo quanto vira no dia de sua Primeira Comunhão? Em seu coração continuava a soar a voz da Providência, incitando-o a fundar uma instituição própria, para o que muito colaborou todo esse tempo de provações e experiência.
Convocado por seu Bispo, regressou à Diocese de Como. Sair de Turim, separar-se dos salesianos e principalmente de Dom Bosco, foi- -lhe muito doloroso. "Não senti tamanha dor nem mesmo quando faleceram meus pais, tendo-os em meus braços" , afirma em sua Autobiografia.
Primeira casa da Divina Providência
Na paróquia de Traona, para onde foi enviado em 1878, com a missão de ajudar o pároco enfermo, tentou transformar um antigo convento em escola para jovens pobres aspirantes ao sacerdócio, no estilo salesiano. Entretanto, era ainda considerado um "padre sob suspeita" e não conseguiu a necessária autorização do poder civil.
O Bispo transferiu-o, em 1881, para Olmo, paróquia confinada entre altas montanhas, onde talvez pudesse ficar livre da desconfiança de exercer "perigosas influências" contra o governo. Ali, sentia-se exilado e abandonado por Deus, vendo impossível a realização de seu chamado.
Poucos meses depois, recebeu ordem de ir para Pianello, onde haveriam de cessar essas provações. Encontrou ali um orfanato e um asilo fundados por seu predecessor recém- falecido, o padre Carlos Coppini, postos sob os cuidados de algumas jovens aspirantes à vida religiosa. Foi a partir deste empreendimento que se originou, em 1886, sua primeira fundação, a Congregação das Filhas de Santa Maria da Providência, contando com a valiosa colaboração da Madre Marcelina Bosatta e de sua irmã, a Beata Clara Bosatta.
Sempre dócil à vontade divina, dizia Dom Guanella: "O segredo da perfeição é fazer a vontade de Deus". Abriu por fim, em Como, a primeira Casa da Divina Providência - mesmo nome utilizado por São José de Cottolengo -, com o objetivo de atender os pobres e necessitados. A instituição começou a crescer e não faltaram generosos benfeitores nem almas dispostas a se dedicarem àquela obra de caridade.
Numa viagem a Turim, pediu orientação a Dom Bosco sobre seu desejo de fundar também um instituto masculino. Este lhe mostrou a conveniência de tal empresa e nasceu, assim, sob as bênçãos do Arcebispo de Milão, Beato André Carlos Ferrari - que até 1874 fora Bispo de Como - a Congregação dos Servos da Caridade.
PrimerosGuanelianos.jpg
Em 1908, com os primeiros membros da Congregação
Erigida a obra canonicamente, com a colaboração dos padres Aurélio Bacciarini e Leonardo Mazzucchi, no dia 24 de março de 1908, chegou o momento tão longamente aguardado: Dom Guanella e um pequeno grupo de sacerdotes emitiram diante do sacrário os votos perpétuos de pobreza, castidade e obediência.
Chamados a pertencer à família divina
A espiritualidade do santo fundador baseava-se na compreensão do Evangelho como a história de amor de um progenitor para com seus filhos: Deus é Pai de todos, e Pai Providente, que cuida de cada um, especialmente dos mais débeis e necessitados.
Por meio de Jesus Cristo, todos são chamados a fazer parte da família divina. E nela merecem especial ajuda as pessoas mais necessitadas, como os anciãos abandonados, os órfãos, os enfermos terminais desenganados, ou os deficientes físicos e psíquicos.
Resumia ele a formação a ser dada dentro dessa família divina com o lema "Pão e Senhor". O "Pão" seria o desenvolvimento integral da pessoa: físico, intelectual, psíquico e social. E por "Senhor" entendia o atendimento das "necessidades mais profundas da alma humana, chamada a descobrir sua plenitude na vida de fé, esperança e caridade".
Nessa família destaca-se a indispensável figura da Mãe, que encaminha todos a Cristo. Passava ele horas diante da imagem da Nossa Senhora da Divina Providência. Nunca duvidava da intercessão d'Aquela que lhe mostrara em sua infância a envergadura de sua obra: "Ficai perto de Maria e procedei com segurança" , recomendava a seus discípulos.
Mais necessário é morrer bem...
Depois de passar inúmeras vicissitudes e provas, Dom Guanella viu, no fim de sua existência, sua obra expandir-se por quatro continentes. Convencido de que os homens são meros instrumentos, pois "è Dio che fa" - quem faz é Deus -, o fundador estimulava o ardor missionário dos seus filhos e filhas dizendo-lhes: "Vossa pátria é o mundo". Ele próprio acompanhou a fundação de novas casas em outros países, como a dos Estados Unidos, em 1912.
A obra guanelliana contou com valiosos apoios, inclusive do Papa São Pio X, que distinguia o fundador com sua amizade. Ele mesmo lhe propôs a fundação, perto do Vaticano, da Paróquia de São José al Trionfale, hoje basílica menor, com uma casa assistencial para auxiliar as famílias que ali viviam em tugúrios.
Em meio a tantas atividades, ainda encontrou tempo para escrever numerosas obras de formação cristã, além de mais de três mil cartas nas quais transparecem suas virtudes, seu senso profético e seu particular amor aos pobres e abandonados.
Um de seus últimos empreendimentos, e talvez o mais popular, foi a Pia União do Trânsito de São José, erigida em 1913, para a assistência aos moribundos. "Existe uma necessidade de viver bem", dizia ele, "mas mais necessário é morrer bem. Uma boa morte é tudo, especialmente na atualidade, quando as pessoas só pensam nas coisas materiais e em divertir-se, rejeitando a eternidade".15
Coroando uma vida santa, essa boa morte chegou também para Dom Guanella, em 24 de outubro de 1915, aos 73 anos de idade. Possa sua elevação à honra dos altares desvelar ao mundo de hoje, tão confiante em si mesmo, o segredo de sua santidade como modelo a ser seguido: abandonar-se nas mãos da Providência Divina, certo de que, por mais que os homens atuem, "è Dio che fa"!

São Luigi Guanella, São Guido Maria Conforte e Santa Bonifácia Rodriguez de Castro, intercedei por nós!





sábado, 29 de outubro de 2011

Qual a missão da CNBB??? Mais uma vez recorremos a Desciclopédia..


As missões da CNBB são:
  • Proibir manifestações contra o governo nas Igrejas, como o Cansei (ui!).
  • Permitir movimentos democráticos como o MST fazerem manifestações na Igreja
  • Liderar uma tal de Campanha da Fraternidade que todo mundo esquece quando passa a Quaresma
  • Conseguir votos para o Lula fazendo propaganda no final das missas
  • Ver o Lula dando concessão de mais TVs ao Edir Macedo como retribuição
  • Fazer campanha pela reestatização da Vale do Rio Doce
  • Não responder a todo tipo de ataque à Igreja Católica
  • Falar dos pobres e.......Falar dos pobres e ........ Falar dos pobres e...........Não fazer nada!
  • Sucursal do greenpeace no Brasil
  • Florescer os pensamentos avançados de líderes latino-americanos como Evo Morales e Lula
  • Não entender, no final de tudo, porque a Igreja Católica perde seus fiéis.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O que é a Teologia da Libertação?? A Desciclopédia explica de forma brilhante!

"Deus? Que Deus? Deus é rico! E Deus faz a opção preferencial pelos pobres, logo, Deus não se prefere, mas prefere os pobres " Teólogo da Libertação sobre Teologia da Libertação


" Ai, quanta desgraça! "São Tomás de Aquino sobre Teologia da Libertação


"Olha, eu só aguento a Teologia da Libertação porque fui eu que inventei, senão... " Satanás sobre Teologia da Libertação



A Teologia da Libertação foi fundada por Satanás em 1980 na Conferência dos bispos ateus em Puebla, Colômbia. Trata-se de uma doença endêmica da América Latrina, da mesma maneira que a dengue, malária, FARC, febre amarela e outras pragas de países subdensenvolvidos.



A Teologia da Libertação prega o Jesus Marxista, o Jesus revolucionário que vai trazer o reino de Deus na Terra, já realizado plenamente na União Soviética, China e Cuba. Infelizmente a União Soviética caiu na apostasia do capitalismo e foi entregue ao Satanás Burguês


Um outro objetivo da Teologia da Libertação é a autodestruição da Igreja Católica. A teologia da libertação funciona como uma doença autoimune, em que os católicos se voltam contra a própria Igreja. Funciona também como um vírus que infecta padre a padre, bispo a bispo, fiel a fiel. Um dos sintomas da teologia da libertação, é relegar o discurso espiritual como sendo coisa de burgueses, trocar o salvador Jesus Cristo pelo revolucionário Jesus Marxista, fazer propaganda de petistas nas missas, engajar-se em campanhas sociais de origem política duvidosa como a Campanha da Fraternidade. A Bíblia é usada muito, especialmente o Antigo Testamento que mostra o povo de Israel em seu caminho ao marxismo e a revolução proletária. O Vaticano é rejeitado, pois sendo europeu, está a favor da opressão dos países ricos contra os pobres, mesmo quando manda dinheiro para fazer caridade aqui.

Uma das coisas que muito facilitou a penetração da Teologia da Libertação é que um de seus maiores expoentes, o ex-frei 
Leonardo Boff é a cara de Karl Marx. Alguns dizem que é a mesma pessoa, depois que Marx ressuscitou ao terceiro dia.A Teologia da Libertação é uma Teologia voltada para os pobres. O centro dela são os pobres financeiros, e seus pregadores são os pobres de espírito mesmo. Os pobres, que mal tem crédito para comprar nas Casas Bahia, na Teologia da Libertação, tomam o lugar de Deus. E quem disse que os teologastros não fazem nada pelo pobre??? 

De Satanás vieram, para Satanás irão! Aleluia!

Monarcas britânicos poderão se casar com católicos



Membros da realeza britânica do sexo feminino passarão a ter direitos iguais aos dos homens, depois que os líderes das 16 nações que reconhecem a rainha britânica como chefe de Estado aprovaram uma mudança nas leis de sucessão, com unanimidade.
A decisão foi tomada em reunião em Perth, na Austrália. Ela significa que, caso o príncipe William e sua mulher, a duquesa de Cambridge Kate Middleton, tiverem uma primeira filha mulher, ela terá precedência sobre irmãos mais novos.
Na reunião, também ficou decidido derrubar a proibição ao monarca de ser casado com uma pessoa de fé católica romana, segundo noticiou a BBC nesta sexta (28).
As antigas leis de sucessão, que datavam de mais de 300 anos atrás, diziam que o herdeiro do trono era o primeiro filho homem do monarca. Apenas quando não há filhos homens, como no caso do rei George VI (pai da rainha Elizabeth), a coroa era passada à filha mais velha.
Segundo explicou o primeiro-ministro britânico, David Cameron, no entanto, a mudança não será aplicada de maneira retroativa. Ela será válida a partir dos filhos do príncipe Charles, quando eles chegarem ao trono.
Fonte:g1


quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Como estava Assis hoje?


Foto tirada às12h20min, durante a reunião entre os líderes das falsas religiões como o papa. Certamente a praça da minha cidade tinha mais gente!!!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Santo Antônio de Sant´Ana Galvão

Frei Antônio de Sant'Anna Galvão, filho de pais piedosos  e  cuja família era reconhecida por sua grande caridade para com os pobres, nasceu em 1739 em Guaratinguetá, Estado de São Paulo, cidade situada bem próxima ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, tendo sido batizado com o nome de Antônio Galvão de França.
                                                   Viveu sua infância em meio à riqueza,  já que seu pai Antônio Galvão de França, como imigrante português,  era o capitão-mor da cidade, gozando de plenas regalias políticas e de situação econômica privilegiada.  A mãe, por sua vez,  era descendente de Fernão Dias Pais Leme, de linhagem nobre e  famoso desbravador dos sertões do Brasil por ocasião das expedições dos bandeirantes.  
                                                  Os pais, preocupados em zelar pela esmerada educação dos filhos, matricularam Frei Galvão no Colégio de Belém,  que era administrado pelos padres da companhia de Jesus, onde já encontrava-se um de seus irmãos, de nome José. Era o ano de 1752 e Antônio Galvão tinha  treze anos de idade quando ingressou no Colégio. Lá permaneceu por quatro anos, onde aprendeu ciências humanas ao mesmo tempo que aprofundou-se nas verdades divinas.  Ao final desse período, manifestou ao pai o desejo de abraçar a vida religiosa. O próprio pai aconselhou-o a ingressar no convento dos franciscanos,   já que havia um convento em Taubaté, não muito distante da sua terra, Guaratinguetá.  E foi assim que Frei Galvão iniciou sua jornada, renunciando a todo o conforto das riquezas e influência social, para dedicar-se exclusivamente ao serviço de Deus.  
                                                   Aos 21 anos de idade,  fez o noviciado na Vila de Macacu,  Rio de Janeiro,  onde os confrades já percebiam o desabrochar da piedade e conduta exemplar que carregava consigo desde o tempo da infância. Em 1761 professou os  votos solenes e somente um ano depois,  por reconhecida sabedoria e já proclamadas virtudes,  recebeu o sacramento da Ordem.  Mesmo ordenado sacerdote,  optou por dar continuidade aos seus estudos de filosofia e teologia no Convento de São Francisco, em São Paulo. Após formar-se assumiu, respectivamente, os cargos de pregador, confessor dos leigos e  também porteiro do convento.  
                                                   Distinguiu-se pela dedicação incansável ao sacramento da Penitência.  Fazia parte da sua rotina não só atender às pessoas que lhe procuravam no convento para confessar-se,  mas percorria caminhos extremamente longos a pé, para atender confissão dos fiéis nos mais longínquos rincões da cidade.  Tal dedicação fez com que seus superiores o nomeassem confessor de um recolhimento de piedosas mulheres,  em São Paulo.  Foi lá que encontrou-se com a Irmã Helena Maria do Espírito Santo,  religiosa de profunda oração e que lhe confidenciara que o próprio Jesus lhe revelara o pedido de fundar oficialmente um novo Recolhimento.  Após analisar, ouvir o parecer de pessoas sábias e esclarecidas no clero,  Frei Galvão considerou válidas as visões de Irmã Helena.  Assim, em 1774 fundou oficialmente o Recolhimento das "Recolhidas de Santa Teresa". 
                                                   Um ano depois, Madre Helena teve morte repentina e Frei Galvão tornou-se a única referência espiritual das Recolhidas, trabalho que exerceu com grande zelo e humildade.  Como crescesse vertiginosamente o número de vocacionadas,  Frei Galvão dedicou-se por quatorze anos não só cuidando da ampliação do Recolhimento, mas também na construção da Igreja,  inaugurada em 15 de agosto de 1802.  Foi o próprio frade quem arquitetou e empreendeu a edificação,  trabalhando como mestre de obras e  como pedreiro. 
                                                   Só em 1929, porém,  que este Recolhimento viria a  transformar-se no Recolhimento de Nossa Senhora da  Conceição, que deu origem a outros nove mosteiros, os quais tem Frei Galvão como fundador e guia.  Daí o nome "Mosteiro das Concepcionistas", ou mais conhecido popularmente como "Mosteiro da Luz", sendo este o mesmo prédio projetado e construído pelo fundador.  
                                                   Foi  filho fiel, consagrado e devotíssimo à Santíssima Virgem Maria, entregando-se a uma vida austera, de freqüentes orações e duras penitências, ornadas com diligente caridade ao  próximo.  Como orientador espiritual das Recolhidas,  prescreveu-lhes estatutos próprios,  dando às mulheres diretrizes evangélicas marcadas pela caridade, oração, pobreza total, intensa penitência e amor fidelíssimo a Nossa Senhora.   Constam, nesses  inscritos de Frei Galvão:  
"A padroeira é Maria Santíssima Senhora Nossa" 
"As casas  religiosas são casas de abundantes penalidades onde se  alcança a coroa de um prolongado martírio". 
"Cédula irrevogável de filial entrega a Maria Santíssima, minha Senhora".
                                                   Era um franciscano simples que, normalmente no silêncio noturno, costumava aliviar os pobres em suas necessidades materiais e espirituais.   Os doentes lhe procuravam freqüentemente,  pois a ocasião não era propícia para tratamentos médicos adequados, tanto pela falta de recursos financeiros como pela limitação científica da época.  
                                                  Numa dessas ocasiões,  um jovem que padecia de dores renais violentíssimas lhe procurou, pois, diante da grave enfermidade já vislumbrava a  face da morte aproximando-se em passo acelerado.  Foi quando o santo frade,  tomando às mãos pena e papel, escreveu uma frase em latim do Ofício de Nossa Senhora.  Enrolou-o em forma de pílula e pediu ao jovem enfermo que a tomasse. Tão logo ingeriu a pílula, as dores cessaram e segundos  depois,  expeliu um grande cálculo.  Ainda em meio a esse  milagre,  um senhor chegou ao local suplicando orações  e que lhe desse qualquer remédio para a mulher que, naquele momento,  sofria de sérias  complicações de parto.  Frei Galvão fez outra pilulazinha semelhante à primeira pediu que a levasse à esposa. Logo que a tomou, a criança nasceu,  sem qualquer tipo de complicação para a mãe e para o filho.

                                                  A partir disso o poder milagroso das pílulas de Frei Galvão espalhou-se pela região e tantas pessoas dirigiam-se ao local que teve que ensinar as Irmãs do Recolhimento a confeccioná-las e dar às pessoas necessitadas, o que elas fazem até hoje.  Curiosamente, na imensa relação de graças alcançadas por intercessão de Frei Galvão junto ao Mosteiro da Luz,  embora 60 a 70% das curas estejam relacionadas a cura do câncer, grande parte refere-se a curas de cálculos renais, gravidez, parto e também de casais que,  não conseguindo ter filhos, foram atendidos.
                                                  Frei Galvão foi beatificado pelo Papa João Paulo II em 25 de outubro de 1998. Na manhã de 23 de fevereiro de 2007, na Sala do Consistório do Palácio Apostólico, o Papa Bento XVI anunciou a canonização de cinco beatos, dentre eles, Frei Galvão, nascido em Guaratinguetá/SP.  A cerimônia foi realizada no dia 11 de maio de 2007 no Campo de Marte e presidida pelo Santo Padre em visita ao Brasil por ocasião da V Conferência Geral do Conselho Episcopal Latino Americano e do Caribe, esta no Santuário Nacional de Aparecida.  Com essa canonização,  Frei Galvão é o primeiro brasileiro nato a receber a honra dos altares.  Faleceu em 23 de dezembro de 1822. Seu corpo repousa na igreja do Recolhimento da Luz, que ele mesmo construiu e  é local de contínuas e fervorosas peregrinações. Lá também encontra-se sepultado o corpo da co-fundadora Irmã Helena Maria do Espírito Santo.

domingo, 23 de outubro de 2011

A verdadeira face de Monsenhor Lefebvre


Cristina Siccardi publica mais um livro sobre esta impressionante figura da Tradição Católica que enfrentou 'dragões', arregimentou guerreiros-sacerdotes, arrebatou fieis, defendeu a Fé. Sua obra e sua vida sempre foram assunto de discussão em círculos de todo gênero; primeiro, meio à surdina, agora em salões públicos. E especialmente no mais público dos salões: a internet. Hoje, a sua Fraternidade Sacerdotal São Pio X cresce proporcionalmente de forma impressionante. O número de fieis que retorna à Tradição ou a conhece pela primeira vez é cada dia maior. Certamente, Mons. Lefebvre venceu algumas batalhas, como a da excomunhão e do ostracismo. E ressurgiu extraordinariamente, cada dia mais forte. Contudo, está à espera de vencer a guerra. Atual, como nunca. Necessário, como nunca. Infelizmente, pois se dele não mais precisássemos seria porque a barca de Pedro finalmente reencontrou seu rumo. GdA.



Mestre em Sacerdócio, mestre na fé, aquele que salvou a Missa de sempre...

A verdadeira face de Mons. Lefebvre



Monsenhor Marcel Lefebvre nasceu em 29 de novembro de 1905, em Tourcoing (Norte da França), e morreu em Martigny (Valais, Suíça), em 25 de março de 1991. Arcebispo católico de Dakar e Delegado Apostólico para a África francesa, é nomeado Bispo de Tulle[1] em 1962; depois, Superior Geral da Congregação do Espírito Santo. Grande figura entre os representantes da oposição ao Concílio Vaticano II, em 1970 funda a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, com a finalidade de preservar o sacerdócio católico.



Menos de um ano após o primeiro livro, "Mons. Marcel Lefebvre: em nome da verdade", a conhecida escritora católica Cristina Siccardi volta a enfrentar a figura do Bispo francês, fundador da Fraternidade Sacerdotal São Pio X. Este fato já demonstra claramente o notável aumento do interesse por este personagem, controvertido e discutido, mas que deixou uma mensagem no mínimo atual, justo neste momento em que mais e mais vozes se levantam para analisar, de uma nova forma, e anticonformista, o grande fenômeno eclesial do Concílio Vaticano II.
Neste segundo livro, a autora intenta aprofundar sobretudo a espiritualidade e a doutrina de Mons. Lefebvre, evidenciando seu profundo apego à Igreja e à sua Tradição bimilenar.
Ante de tudo, deve-se observar como o trabalho resulte extremamente bem documentado. É baseado, de fato, na consulta direta de manuscritos, a maioria inédita, guardados no Seminário de Ecône. E, justamente observando cuidadosamente tais manuscritos, Siccardi não descuida até mesmo uma análise grafológica dos documentos.

"Ao observar e examinar a caligrafia de Mons. Lefebvre, podemos compreender sua personalidade transparente e forte. Escrita de corpo médio, ordenadíssima, fácil de ler e alinhada com regularidade. A folha não é preenchida, são deixada partes em branco, dando um sentido harmônico ao espaço ocupado, as letras são estreitas, mais altas do que largas, simples e essenciais, unidas entre si e são próximas umas das outras" (pp.11-12).

Estes elementos, juntamente com os conteúdos e as notícias biográficas, contribuem à reconstrução da personalidade do Arcebispo.

"Tudo isso exprime uma personalidade refinada e elegante, mesmo na humildade e sobriedade. Temperamento enérgico, de líder, obstinado e persuasivo, como de quem sabe se afirmar sem levantar a voz; em suma, com autoridade, mas não autoritário; generosíssimo e capaz de sofrer em silêncio, propenso a apreciar a estima e o afeto. Imediato, intuitivo e lungimirante[2], cheio de iniciativa e capaz de tomar decisões, sabendo envolver os colaboradores" (p.12).

Outra característica importantíssima de sua personalidade era certamente a de organizador. Neste aspecto, Mons. Lefebvre distingue-se e supera, de longe, os outros expoentes do tradicionalismo católico, sabiíssimos e eruditos talvez, mas com pouco senso prático. Sua inata capacidade de envolver os jovens e de formá-los em um espírito de ação autenticamente cristão, era avessa seja ao sectarismo, seja ao compromisso em matéria de Fé e moral.
Este foi provavelmente o segredo que preservou, e continua a preservar a Fraternidade São Pio X, da pulverização que acometeu outros movimentos, mesmo tendo sido obrigado a enfrentar circunstâncias históricas dificílimas e extremamente pesadas.

Folheando as densas páginas do livro, percebe-se claramente qual fosse a específica e mais autêntica vocação do prelado. Assim a resume Cristina Siccardi:

"Duas foram as vocações de Monsenhor Marcel Lefebvre: a primeira, aquela amadurecida desde a mais tenra idade, ou seja se tornar um sacerdote. A segunda: formar santos sacerdotes, mantendo a filosofia católica e a teologia de São Tomás de Aquino..." (p. 9).


E os capítulos do livro não fazem outra coisa senão percorrer e aprofundar tal percurso. O sacerdote é um 'Alter Christus', sua principal tarefa é a de santificar os irmãos através da celebração da S. Missa e a dispensação dos sacramentos. Ele deve ser necessariamente todo de Deus e, portanto, não se podem conciliar com seu papel nem o casamento nem a excessiva dependência aos bens deste mundo. Muito significativos, nesse sentido, os capítulos intitulados: "Deus não precisa de tocadores de bandolim" (p. 38), "O profundo significado da batina" (p. 72) e "Sacerdos in aeternum" (p. 86).

Outro ponto central da mensagem de Mons. Lefebvre é, então, certamente, a crítica ao princípio da liberdade religiosa enunciado pela declaração conciliar 'Dignitatis Humanae'.
No livro de Cristina Siccardi são relatados, acerca disso, numerosas declarações e escritos que remontam essencialmente aos anos '70 e '80. Eis um breve exemplo que se conecta ao princípio que Mons. Lefebvre nunca se cansou de proclamar: a realeza social de Jesus Cristo:

"O Salvador do mundo não é mais chamado a reinar sobre a sociedade porque isto é contrário à dignidade humana de cada povo, cada qual livre de escolher sua própria religião e de não ser 'importunado'." (p. 14)

Ele não podia portanto admitir, de modo algum, esta verdadeira destronização de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Prosseguindo a leitura, não faltam também os passos onde a autora repercorre os momentos dolorosos que levaram à excomunhão de 1988. Mesmo aqui, no entanto, ao contrário de umaversão muito creditada pela mídia, Mons. Lefebvre é apresentado como uma pessoa bemdiferente do clichê tétrico e intratável adotado por muitos jornalistas.
Frequentemente, ele censurou o "zelo amargo" daqueles que criticam tudo sem o espírito de caridade que consegue, mais do que as palavras, incentivar o comportamentos virtuosos e capazes de dar frutos.

"Precisa absolutamente evitar o zelo amargo, já condenado por São Pio X em sua primeira encíclica, 'E Supremi' (04 de outubro de 1903). Nada, pelo contrário, é mais eficaz do que a caridade. 'Esperar-se-ia em vão de atrair as almas para Deus com um zelo cheio de amargura; repreender duramente os erros e reprovar os vícios com azedume causa frequentemente mais danos do que proveitos'. São Paulo ensina a confutar, a repreender, a exortar, mas acrescenta que é preciso paciência e brandura" (p. 11).

Mas, no fundo, especialmente nos últimos anos muito dolorosos de sua vida, irão pairar sempre, tanto nos escritos como nas homilias, tanto nas pregações dos exercícios espirituais como nas conferências públicas, as dramáticas constatações expressas, com desarmante simplicidade, no famoso sermão de Lille[3], em 1976:

"Pelo contrário, penso que teria sido excomungado se, naquela época, eu tivesse formado seminaristas como eles fazem agora, nos novos seminários; se, naquela época, eu tivesse ensinado o catecismo como é ensinado hoje, teriam me chamado de herege; e, se eu tivesse rezado a Santa Missa como a rezam hoje, teriam me definido como suspeito de heresia, fora da Igreja. Então, eu não entendo. Algo realmente mudou na Igreja!" (p. 9).

Devemos honestamente admitir: ninguém, até hoje, a não ser que se caia no relativismo mais rigoroso, foi capaz de dar respostas críveis a estas simples constatações. Passam-se as décadas, passam os exegetas do Concílio, alternam-se as hermenêuticas, mas ninguém jamais poderá dar respostas capazes de justificar como elementos de continuidade aqueles denunciados por Mons. Marcel Lefebvre.
Talvez seja até por isso que, passados vinte anos de sua morte, a figura deste Bispo continua a atrair todos aqueles que buscam, mesmo com as nossas limitações de seres humanos, a Verdade.



Marco BONGI

Cristina Siccardi: Mestre em Sacerdócio: a espiritualidade de Monsenhor Marcel Lefebvre, ed. SUGARCO, €23,00 (Rico suplemento fotográfico com documentos inéditos).





Por gentil concessão da Editora SUGARCO, que agradecemos profundamente, publicamos uma prévia do quarto capítulo de Mestre em Sacerdócio. A espiritualidade de Dom Marcel Lefebvre, intitulado: 


"Deus não precisa de tocadores de bandolim"

O outro pilar da vida interior de Monsenhor Lefebvre é, como mencionado, Dom Jean-Baptiste Chautard, nascido Gustave. Rapaz vivacíssimo e modelo de acólito, Gustave torna-se catequista formidável e amado pelos malabaristas da feira de Marselha e dedica muitas horas à visitação dos doentes pobres. Um dia sente prepotente a chamada de Deus, que o quer só para si. "Ele resiste o quanto pode – quinze dias – depois se rende" (1). Cartuxo, jesuíta, beneditino? Cada ordem religiosa oferece um lado fascinante para ele, está indeciso... então escolhe, se alista na milícia de São Bernardo, monge solitário. E aquele abade da trapa de Sept-Fons[4] tornar-se-á centro radiante e ativo de toda santa e santificante atividade da Igreja. Seu pai é hostil, não o deixa ir, depois, deve se curvar, mas não quer mais saber dele.
Alguns traços da personalidade de Chautard lembram a determinação e a força de Monsenhor Lefebvre. Tal como de sua grande família trapista o abade é o pai que provê o pão e cura as almas, atingindo tudo e todos, sem descurar nada, assim Monsenhor será o amável pai dos seminaristas da futura Fraternidade São Pio X. Ambos instruem e arrastam: têm um respeito infinito pelas almas que avaliam uma a uma por suas necessidades, predisposições e limitações. Até mesmo na batalha de defesa se assemelham. O primeiro terá de defender com os dentes, com a mesma determinação que usará Lefebvre para as batalhas que susterá, sua ordem ameaçada pela França oprimida pelo liberalismo, que quer suprimir as ordens contemplativas: doze anos de intensa luta, cheia de ardor e de inteligência. "Terá que se insinuar nos círculos políticos, tratar com os homens de toda espécie... se apresentará aos perseguidores tentando esclarecê-los e despertar a sua consciência. Ei-lo diante do grande inimigo, o Tigre, Clemenceau (2). Aquele monge que defende de cabeça erguida, sem medo, o direito de existência para si e para os seus, fala com tanta convicção" (3). Com a mesma energia e o mesmo zelo, Mons. Lefebvre enfrentará as autoridades eclesiásticas: mostrará, às vezes com tons acesos de ardor e paixão, os enganos do Modernismo e os perigos de uma leitura subjetivista das realidades religiosas. Ambos sustiveram a batalha de defesa, um, de seu instituto religioso, o outro, da Fé e da ortodoxia católica, com todos os meios à sua disposição: o sobrenatural neles não exigiu a renúncia a qualquer legítimo meio humano, a qualquer recurso natural. Embora monge, dom Chautard foi forçado a viver, contra a sua vontade, na ação, chegando até a vinte horas de trabalho diário. Ativíssimo foi também Mons. Lefebvre, primeiro como simples sacerdote, depois como missionário no Gabão, Arcebispo de Dakar (4), Delegado Apostólico da África francófona, Bispo de Tulle, Superior da Congregação do Espírito Santo, dinâmico e laborioso padre conciliar, fundador e Superior da Fraternidade São Pio X. "O nome Marcel Lefebvre desperta em muitos antipatia e aversão, na realidade, pelo menos até pouco antes do confronto com Paulo VI, foi considerado no Vaticano durante muitas décadas um dos melhores Bispos, em nível mundial, da Igreja Católica" (5), mas soube igualmente viver em perfeito equilíbrio com a vida contemplativa, tendo aprendido com Chautard que "A verdadeira fecundidade do trabalho apostólico está ligada à santidade do apóstolo" (6) e que "Base de toda ação exterior é uma intensa vida de união com Deus" (7). Em fim, ambos souberam viver com sincera humildade e amável simplicidade. Outra pedra angular da vida de Mons. Lefebvre, fonte de toda sua atividade, foi, como ainda sustenta Chautard, a vontade de Deus. Tudo o que o Bispo francês escolheu e fez foi sempre considerado uma resposta aos desejos e propósitos de Deus: "Cada instante vem até nós carregado de um comando e de um auxílio divinos e vai imergir-se na eternidade para ser, então, sempre, aquilo que nós fizemos dele" (8). Era, portanto, lógico obedecer, cegamente, a Deus e ser-lhe fiel, sempre e a qualquer preço. "Toda manifestação da vontade de Deus é como uma flecha de amor tingida com o sangue divino, que vem do seio da SS. Trindade direto ao nosso coração; e a flecha, apresentando-se à nossa vontade, traz consigo a luz e a força: a graça do momento presente" (9).
A primeira atividade do sacerdote, seja para Chautard que para Lefebvre, foi a própria santificação; a segunda, foi a santificação das almas. Tanto um quanto o outro não aspiraram nunca à polida forma oratória, mas, atentos ao olhar de Deus sobre eles, tornaram-se mestres de pensamento, guias firmes e rigorosos, porque "Deus não precisa de tocadores de bandolim" (10), mas de homens de extrema confiança, de eternas promessas, de comprovada fidelidade, de lealdade genuína, de verdadeiros lutadores; certamente não de gente assonorentada ou "gelatina perfumada" (11) ou de hipócritas e infidos aduladores.
Chautard escreveu uma obra que se tornou um clássico da literatura espiritual, uma verdadeira obra-prima, A alma de todo apostolado. O Beato Giacomo Alberione (1884-1971) escreveu: "Leiam A alma de todo apostolado, em seguida leiam a vida do autor: uma ilumina a outra; em ambas, um calor ardente de vida interior e de vida de apostolado". Desta obra Monsenhor Lefebvre aproximou-se com vivo interesse, aderiu-lhe e a subscreveu.

"Tu ergo, fili mi, confortare in gratia (12). A graça é uma participação à vida do Homem-Deus. A criatura possui uma certa medida de força – e, em certo sentido, pode-se qualificar e definir uma força –, mas Jesus é a força por essência: nEle está a plenitude da força do Pai, a onipotência da ação divina, e Seu Espírito vem do Espírito de fortaleza.
Em vós, somente, ó Jesus – dizia São Gregório Nazianzeno – está toda a minha força. Fora de Cristo, diz por sua vez São Jerônimo, nada mais sou do que impotência" (13).

Mons. Lefebvre seguiu os cinco caráteres da força de Jesus bem elencados por Chautard, que retomou São Boaventura (1217/1221 ca.-1274), o qual tratou disso no quarto livro doTheologiae Compendium: o primeiro caráter é o de empreender as coisas difíceis e enfrentar com determinação os obstáculos: "Viriliter agite et confortetur cor vestrum" (14). O segundo é o desprezo das coisas do mundo: "Omnia detrimentum feci et arbitror ut stercora" (15). O terceiro é a paciência na tribulação, ou "Fortis ut mors dilectio" (16). O quarto é a resistência às tentações: "Tamquam leo rugiens circuit… cui resitite fortes in fide" (17). O quinto é o martírio interior, assim como o descreve Chautard: "o testemunho, não do sangue, mas da vida que brada ao Senhor: Quero ser toda vossa. E consiste em combater a concupiscência, em domar os vícios e em trabalhar energicamente para a aquisição da virtude: 'Bonum certamen certavi' (18), para tanto poder exclamar com orgulho paulino: Combati o bom combate" (19).
Abeberar-se às fontes espirituais e teológicas de Marmion e de Chautard significou para Mons. Lefebvre, em definitivo, vestir uma couraça tão resistente e impenetrável que nada nem ninguém pudessem riscá-la, e mesmo quando restará sozinho diante do novo que avançava e subvertia, bagunçando os métodos formativos dos seminários usados até então e enterrando, com uma nova e protestantizante liturgia, a Santa Missa de sempre, se expôs com vigor, não temendo nada, porque

"enquanto o homem exterior conta com as próprias forças naturais, o homem interior vê nelas apenas auxílios, uteis, sim, mas insuficientes. O sentimento de sua fraqueza e a sua fé no poder de Deus lhe dão, como a S. Paulo, a justa medida de sua força (20). Diante dos perigos que surgem de todos os lados, repete com humilde altivez: Cum infiormor, tunc potens sum. Sem a vida interior, disse São Pio X, faltarão as força para suportar com perseverança os aborrecimentos que acompanham todo apostolado, a frieza e a escassa colaboração dos bons, as calúnias dos adversários e, às vezes, os ciúmes dos amigos e dos companheiros de luta... Somente a virtude paciente, enraizada no bem e, ao mesmo tempo, suave e delicada, é capaz de evitar ou diminuir estas dificuldades" (21).


As palavras de Chautard, ardentes de vida e claramente experimentadas pelo autor, entraram tão profundamente em Mons. Lefebvre que, lendo-as, não é difícil ver diante de nós o pastor de Ecône com sua surpreendente estabilidade, uma estabilidade humanamente impossível de sustentar com todas as pressões que lhe vieram das realidades e autoridades, sejam laicas que eclesiásticas, na tentativa de dobrá-lo e fazê-lo desistir de sua 'teimosice', aquela que permitiu à Tradição de ter um seu 'esconderijo', um seu bunker, enquanto fora voavam mísseis e caíam bombas...

"Com a vida de oração, semelhante à seiva que da videira escorre para os ramos, desce no apóstolo a força divina para fortalecer a inteligência, enraizando-o sempre mais na fé. E o apóstolo, então, progride porque esta virtude ilumina com mais viva luz o seu caminho. Avança resolutamente porque sabe aonde ir e como deve alcançar a sua meta.
Esta divina iluminação é acompanhada por uma tamanha energia sobrenatural de vontade que mesmo o caráter mais fraco e instável se torna capaz de atos heroicos" (22).

É incrível como dom Chautard revele, com tanta naturalidade e simplicidade, os segredos do existir e dê a chave para ter acesso e alcançar, com a perfeição cristã, a felicidade, ainda que na dor. O preço que Mons. Lefebvre pagou, sofrendo inclusive a excomunhão e um repúdio por parte daquela Igreja pela qual ofereceu todo si mesmo, foi o sacrifício que com convicção se dispôs a oferecer, a fim de permanecer ancorado à Igreja de sempre, aquela na qual ele havia entrado e que queria manter tal qual a havia conhecido, sem novas e mundanas maquiagens: "É assim que o manete in me[5], a união com o imutável, com aquele que é o Leão de Judá e o pão dos fortes, explica o milagre da constância invencível e da firmeza tão perfeita que, no admirável apóstolo São Francisco de Sales, se uniam a uma doçura e a uma humildade sem igual", o Bispo de Genebra, todo veemência contra os hereges, era, no entanto, afabilíssimo com as almas que precisava trazer de volta ao único redil, "O espírito e a vontade se fortalecem com a vida interior, porque é fortificado nela o amor. Jesus o purifica, o dirige e o aumenta gradativamente, fá-lo participar dos sentimento de compaixão, de devoção, de abnegação e de desinteresse do seu adorável Coração. Se este amor cresce até se tornar paixão, então conduz ao máximo desenvolvimento e utiliza em seu benefício todas as forças naturais e sobrenaturais do homem" (23).
Com padre Le Floch, dom Marmion e dom Chautard, o jovem dom Marcel Lefebvre, que foi ordenado no dia 21 de setembro de 1929, em Lille, compreendeu que somente Cristo deve ser o ideal para o sacerdote, e nEle encontra cumprimento toda pequena ou grande aspiração.

Fonte: una Fides 


NOTAS
1. G.B. Chautard, A alma de todo apostolado, Ed. Paulinas, Milão, 1989, p. 6.
2. Georges Benjamin Clemenceau (1841-1929) nasceu na conservadora Vendée, de uma família fortemente anticlerical e republicana.
3. G.B. Chautard, op. cit., p. 10.
4. Recordamos que o Mons. Lefebvre, depois de ter sido ordenado sacerdote em 1929, foi nomeado vigário em uma paróquia operária de Lille. Entrou na Congregação missionária dos Padres do Espírito Santo, partindo para o Gabão em 1932. Logo que chega à África, foi nomeado professor de Dogmática e de Sagrada Escritura no Seminário Maior de Libreville[6], tornando-se seu diretor em 1934. Em setembro de 1947, foi consagrado Bispo e nomeado Vigário Delegado do Senegal. No ano seguinte, foi nomeado Delegado Apostólico por toda a África francesa. Representante da Santa Sé em 18 Países africanos, era responsável por 45 jurisdições eclesiásticas, dois milhões de católicos, 1.400 sacerdotes e 2.400 religiosas. Em 1955, se tornou o primeiro Arcebispo de Dakar, onde permaneceu até 1962. Após o seu regresso à França, Mons. Lefebvre foi encarregado da pequena diocese de Tulle, onde permaneceu alguns meses porque eleito Superior Geral dos Padres do Espírito Santo. No Concílio Vaticano II, foi um dos animadores do Coetus Internationalis Patrum, um grupo de 250 bispos que tentou opor-se à corrente progressista.
5. M. Stanzione, em Agere Contra.
6. G.B. Chautard, op. cit., p. 15.
7. G.B. Chautard, Ibidem, p. 15.
8. G.B. Chautard, Ibidem, p. 15.
9. G.B. Chautard, Ibidem, p. 15-16.
10. G.B. Chautard, Ibidem, p. 17.
11. G.B. Chautard, Ibidem, p. 17.
12. "Tu, pois, ó meu Filho, tomes vigor na graça" (2Tm 2.1).
13. G.B. Chautard, op. cit., p. 125.
14. "Operai como fortes, e o vosso coração se fortaleça" (Salmo XXX).
15. "Privei-me de todas as coisas e as estimei imundície" (Fp III, 8).
16. "O amor é forte como a morte" (Ct VII, 6).
17. "O diabo qual um leão que ruge vagueia ao redor de vós... resisti-lhe firmes na fé" (I Pe 5,8-9).
18. "Busquei o bom combate".  G.B. Chautard, op. cit., p. 126.
19. 2Tim 4, 7.
20. "Porque quando estou fraco, então é que sou forte" (2Cor 12, 10).
21. G.B. Chautard, op. cit., pp. 126-127.
22. G.B. Chautard, op. cit., p. 127.
23. G.B. Chautard, op. cit., p. 127.

NOTAS DE TRADUÇÃO
[1] Tulle – a cidade às sete colinas – é uma cidade no sudoeste da França. Seu nove derivaria de "tutela", que é um poder romano ao qual se confiava os cuidados de pessoas, coisas e lugares. Nasceu por volta do sétimo século ao redor de um mosteiro que foi destruído depois pelos vikings em 846. De seu nome vem o famoso tecido criado por fios que se entrelaçam em uma rede transparente mas estável. Wikipédia
[2] Preferi deixar o original em italiano, lungimirante, porque em português não há uma tradução satisfatória do termo. É algo como: clarividente, perspicaz, sagaz; que vê longe; que mira ao longe, ao futuro.
[3] Lille é uma cidade no norte de França. Capital da Flandres francesa, foi fundada em 640 por Liderico. Nossa Senhora da Grade é a padroeira da cidade e sua aparição se entrelaça com a história de Liderico. Wikipédia.
[4] Abadia de Sept-Fons, na França, é uma abadia trapista, fundada em 1132, com o nome de Notre Dame de Saint-Lieu.
[5] A expressão "Manete in me" em latim significa: "Permanecei em mim".
[6] Libreville é a capital do Gabão. Foi fundada em 1849, por escravos libertos a partir de um navio negreiro chamado Elizier, que serviu como ponto de partida para a colonização francesa no Gabão, de Fort Aumale, e se tornou a capital do Congo Francês, antes de perder esse estatuto em favor de Brazzaville em 1904. Wikipédia.