Cuba: “Santeria contra o Papa”
Marco Tosatti
Os líderes da Santeria, uma religião que mistura elementos africanos, cubanos e cristãos, não veem com favor a visita de Bento XVI na ilha, porque, exatamente como já havia feito João Paulo II na primeira visita de um papa a Cuba, o pontífice não os receberá. A Santeria é segundo alguns a forma de fé mais difusa na ilha. Mas o porta-voz vaticano, Padre Federico Lombardi, a uma pergunta precisa sobre o assunto respondeu que o programa do Papa ainda poderia ser modificado, mas excluiu em absoluto que os representantes da Santeria, inclusive o “Babalawo”, o sumo-sacerdote, possam ser recebidos. Lombardi declarou que a Santeria “não tem uma liderança institucional”, necessária do ponto de vista organizativo e que “não é uma Igreja”, no sentido próprio do termo. Quando João Paulo II chegou à ilha, achou-se na mesma situação. Também naquela ocasião havia uma certa esperança, da parte dos membros da Santeria, e o “Babalawo” guiou uma cerimônia que durou um dia inteiro para pedir aos espíritos que protegessem Wojtyla na sua visita, e que fizessem dela um sucesso. Mas não houve uma audiência. E ademais seria singular que Papa Ratzinger, que não morre de amores pelas formas de sincretismo religioso e as misturas de espiritualidades diferentes, recebesse os representantes de um culto que é um ícone do sincretismo. Espíritos ancestrais e santos cristãos se dividem igualmente na veneração dos fiéis em cerimônias em que de joelhos se vai tanto em peregrinação até Oxum, patrona da sensualidade feminina, como a São Lázaro.
E eu que pensava que a Santeria estava em baixa em Cuba por absoluta falta de gêneros alimentícios. Porque, convenhamos, não há orixá que resista viver somente de charutos, ainda que da melhor qualidade.
Falando sério, acho excelente que não haja um encontro desta natureza. Só me pergunto em que os macumbeiros cubanos se distinguem de xintoístas, animistas, hinduístas, e de outros "istas" pagãos tantas vezes recebidos pelo último papa beato.
Tradução: OBLATVS